segunda-feira, 10 de setembro de 2012

matilha

Os cachorros avisam até quando a lasanha está pronta. Eles também avisam se a água já ferveu. Somos uma equipe, uma verdadeira matilha. Sou a líder do grupo, mas, a cima de tudo, reconheço que sou parte, integrante, membro. Me pego até cheirando pão, chinelos e toalhas - para entender a favorabilidade do meio. Não só para mim, para eles também. Eu sirvo. Virei meio cão. 

Acho que não consigo mais viver sem essa metade canis. Dormir a tarde toda num edredom encardido para mim é supernormal. E, se acordo de madrugada com um barulho estranho, corro pra rua, sem o menor temor. Puro instinto.

Penso que essa natureza canina pode ser fruto da minha recepção neste mundo. Meu irmão de leite foi, também, um cão. Porque o irmão humano não vencia a oferta. Depois, quando aprendi a comer sólidos, dividia a bolacha maria com meu irmão pastor, alemão. 

Hoje sou membro de uma matilha de vira-latas, participativos e inteligentes. Antes que a lasanha torre e a chaleira chie, eles avisam - com perspicácia e sutileza. Cães são seres sagazes, elegantes e democráticos. Jamais impõem uma ordem. Eles apenas sugerem. E eu, por minha conta e risco, obedeço.  Se concordar. Pois eu sou a líder.