quinta-feira, 18 de abril de 2013

guria do mato

nasceu numa casa de geografia improvável - era como um trem que adentrava o pátio. brincava entre as àrvores, criava hospitais de formigas, fazia enterro para passarinhos caídos. depois viveu numa casa de geografia transparente - tantos vidros traziam o jardim para dentro de casa. domava cães, cultivava pedras, aventurava-se no desenho botânico. daí foi morar na caverna. forrava os tetos com samambaias, emoldurava as portas com gibóias, plantava marias-sem-vergonhas em louças sanitárias. eis que foi morar na torre, onde Nada brotava. ansiava pisar no solo, rolar na grama e soltar os bichos num espaço com horizonte. e o fez. foi viver na casinha encantada. transplantava inços para vasos, colecionava seixos, tratava árvores antigas. até que foi estar na casinha azul. acompanhava musgos que habitavam as paredes chapiscadas, insetos que habitavam a madeira perecida e minhocas que habitavam a terra argilosa. e foi parar na casa da rua com nome de santo! semeava terra preta em pratos de barro, desvendava aranhas, amanhava canteiros e tudo o que mais houvesse, a guria do mato.              




[Amanhar. v.t. Cultivar, preparar, tratar.]

quarta-feira, 17 de abril de 2013

morou em tanta casa que nem se lembra mais

Ela sai de uma casa para viver numa melhor. Como se fosse massinha de modelar, ela busca ser moldada e fundida - para, assim, ser acoplada num espaço de abraços. Bem assim e fodida

A casa melhor casa com sua pesquisa.


Só isso.

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in_o_ & aqui_o_ ◄ clique pra voltar: tento: tento inventar uma mentira interessante para escrever aqui. mas nada fantasioso me ocorre nesta manhã cinzenta. é a força da realidade que a...

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in_o_ & aqui_o_ ◄ clique pra voltar: teto: o desenho do mofo parece aquarela. a rachadura, nanquim.  e o prego, uma estrela.

terça-feira, 16 de abril de 2013

outros olhos e sintos [para pf]

Hoje passeei por pf com outros olhos e sintos. 

Estou começando a gostar da cidade.


Consegui rir do trânsito, da sua concepção singular, egoistamente regional - lombas tríngremes que desembocam em sinaleiras fechadas ou numa placa de pare para não matar ou morrer, mãos únicas repentinas e improváveis, semáforos antipáticos à moda ampulheta, motoristas mal educados ouvindo música sertaneja (no volume máximo), faixas amarelas vetadas a qualquer parada, absoluta inexistência de vagas para estacionar.


(Minha descrição do trânsito de pf alcança, pela primeira vez, um certo grau de compaixão. Eis um começo - e pelo que mais detesto: o trânsito. Eis a purga - e o resto: o encontro.


G. Freud talvez dissesse que esse começo aconteceu (acomeçou) porque estive numa livraria. E porque completei o ritual: andei em câmera lenta lendo as lombadas todas, sem saber o que buscava e encontrei! - livros raros, edições esgotadas, Manoel de Barros e um desconhecido no qual esBarrei. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

quarta-feira, 3 de abril de 2013

pílula de sabedoria [III]

Quando te sumirem as palavras ou te resignares com uma da qual duvidas,
estarás verdeiramente sentindo. E/ou com o "foda-se" ligado.