quinta-feira, 18 de abril de 2013

guria do mato

nasceu numa casa de geografia improvável - era como um trem que adentrava o pátio. brincava entre as àrvores, criava hospitais de formigas, fazia enterro para passarinhos caídos. depois viveu numa casa de geografia transparente - tantos vidros traziam o jardim para dentro de casa. domava cães, cultivava pedras, aventurava-se no desenho botânico. daí foi morar na caverna. forrava os tetos com samambaias, emoldurava as portas com gibóias, plantava marias-sem-vergonhas em louças sanitárias. eis que foi morar na torre, onde Nada brotava. ansiava pisar no solo, rolar na grama e soltar os bichos num espaço com horizonte. e o fez. foi viver na casinha encantada. transplantava inços para vasos, colecionava seixos, tratava árvores antigas. até que foi estar na casinha azul. acompanhava musgos que habitavam as paredes chapiscadas, insetos que habitavam a madeira perecida e minhocas que habitavam a terra argilosa. e foi parar na casa da rua com nome de santo! semeava terra preta em pratos de barro, desvendava aranhas, amanhava canteiros e tudo o que mais houvesse, a guria do mato.              




[Amanhar. v.t. Cultivar, preparar, tratar.]

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