terça-feira, 4 de junho de 2013

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Disse que não lavaria mais as minhas calças de abrigo. Disse que da próxima vez que encontrasse na tulha aquele trapo puído, desbotado, fétido, encardido, o jogaria no lixo. E eu achei isso um ato de terror.

Disse para eu não comer mais margarina. Disse para excluir da dieta aquela gordura hidrogenada interesterificada, corada e aromatizada artificialmente pelos nocivos Cs e Ps, composta de ácidos sulfúrico, benzóico e butil hidroxitolueno que em nada ficavam atrás da soda cáustica. E eu achei isso explosivo.

Disse que a ordem dos cds estava trocada. Disse que embora eu não entendesse qual, a sua arrumação tinha um critério - subjetivo, mas tinha -, que havia passado a juventude inteira investindo naqueles tesouros - tanto que não virou  alcoólatra e ainda conseguiu decorar o lugar de cada um na fila - e que portanto devia ser respeitada (a ordem ou ela?, não entendi qual). E eu achei isso confuso.

Disse, com cara de mais boazinha, que cuidaria de mim e que eu cuidaria dela. E não disse mais nada. Eu acho que isso é amor.  

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