sexta-feira, 26 de outubro de 2012

funerária

Ao lado da minha nova casa tem uma funerária. A princípio não gostei, impliquei com os cadáveres. Mas, de tanto implicar, acabei vendo o lugar como um salão de beleza para corpos. Pensei no agente funerário fazendo uma escova, antes da maquiagem. E virou diversão: penteados, unhas, depilação, sobrancelha, quem sabe até uma drenagem linfática - para recircular. Eu realmente confiei naquele agente. Isso adoçava essa que um dia também será cliente. Até que, numa tarde ensolarada de domingo, descobri que, enquanto atende, o defunto stylist ouve Michel Teló. Meu castelo demoronou num ritmo repugnante.

Partir com elegância é um direito irrenunciável.

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