sábado, 30 de julho de 2011

aperitivo

O apartamento era amplo, dava para andar de bicicleta sem se bater nos móveis. Ele foi gentil desde a minha chegada. Me serviu um suco de bergamota. Com gim. Disse que era um drink campeiro muito comum na fronteira com o Paraguay. Depois, puxou da estante um vinil, e não me deixou ver qual era. Ao colocar o disco no prato, fez supense. Queria que fosse surpresa. Fiquei hipnotizada por aquele gesto, vivi um slowmotion. Como em filme. E como já vivido por zilhões de pessoas. Mas não por mim. Só quando o mundo recomeçou a girar, me dei conta que tocava O dia em que a terra parou. Sim, sim, sim: tocou Raul. Foi tudo tão louco e mágico que não percebi o indefectível clichê. Era 1998 e eu apenas dei uma reboladinha, como num passinho de dança, pedi para aumentar o som e elogiei o drink.       

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