"Então misture tudo/Dentro de nós/Porque ninguém vai dormir/Nosso sonho". Tocava isto quando Samantha adentrou o bar com cabelos de pantera. Seus olhos estavam pintados de kajal negro. De imediato a imaginei chorando, com o rosto borrado de preto.
Samantha sentou num dos banquinhos altos do bar. Naqueles banquinhos de bar mesmo. Deu para ver o quanto ela é alta. Seus pés ficaram naturalmente posicionados no apoio. Nisso, o vestido preto subiu, deixando à mostra os joelhos flexionados. Ela tem joelhos magros.
Samantha pediu um dry martini e acendeu um cigarro de filtro amarelo. Essa descombinação a fez ainda mais atraente. Então seu olhar passeou pelo recinto, como se estivesse a recencear as pessoas e as coisas. Naquele inventário mental seu rosto se iluminou feito a lua. Luz emitida. No momento desejei ler aquele cérebro feminino e sombrio.
Samantha é sombria. Sua presença oprime e eleva. Ela atormenta.
Por isso decidi não encontrá-la. Estou usando um difarce, embora consciente de que tudo isso seja um sonho lúcido. Durmo ao lado de Amanda enquanto o despertador não toca. Mas vai que estou enganado.
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