quinta-feira, 25 de agosto de 2011

contrato de vidro

estavam com cara de mártires quando cheguei. cada um escorado numa parede, de frente um para o outro, mas sem se olhar. minha presença quebrou um pouco o gelo, pois cheguei falando feito uma papagaia. reclamei da chuva e falamos do tempo. passando às formalidades legais, foi aquele constrangimento nada legal, comum aos defazimentos de contrato em razão da quebra. sentamos os três numa mesa redonda. ela parecia que iria chorar a qualquer momento. ele parecia que iria implodir naquele instante. enquanto eu estava na iminência de bater palmas para aqueles dois seres tremendamente humanos e corajosos. desfeito o contrato que era de vidro e se quebrou, jogamos os cacos no lixo e fomos embora. aí sim, senti um nó na garganta ao vê-los andando para lados opostos, cada um com o seu guarda-chuva (e com os cortes ainda ardendo).  

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