quinta-feira, 29 de novembro de 2012

amor de mãe

há um amor que eu ainda não conheci, o de mãe. tive meros lampejos, em sonhos. meu filho era bebê, e meu. nós num colorido lomo, em movimentos suaves, com gosto doce e cheiro frutado... isso bastava para que borboletas voassem na minha barriga e para que tudo mais. eu não precisava de nada. plenitude rara e repentina mas, porque plenitude e generosa, não havia frustração quando eu acordava. só e descabelada, eu me olhava no espelho da vida, fiel ao que ela me guarda, com uma sensação imperiosa de suficiência. até que, sabotando esse estado de êxtase, a fim de tomar as rédeas rumo à cozinha e reabastecer o pote d'água dos cachorros, acionava a minha razão: acreditava entender o que Cazuza quis dizer com "só as mães são felizes" - ele, que também não era mãe.         

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