quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

moro numa casa velha

Moro numa casa velha. Corpo de alvenaria, paredes internas de madeira. Chão e teto de madeira também. As janelas não têm venezianas, mas têm cortinas lindas que foi minha mãe quem fez. Na sala, a janela é quase tão grande quanto a fachada. Entra muita luz e a vista é bonita. Gosto da rua, arborizada e calma. 

Na frente da casa tem um pé de butiá. No seu tronco nascem orquídeas brancas. Esse butiazeiro dá um charme especial à casinha azul. Na alvenaria chapiscada, nascem limos e inços. Esses verdinhos dão um toque especial no azul piscina.

Tudo dentro de casa é antigo. Cozinha enorme, pé direito alto, lareira larga, fogão à lenha. Nos banheiros, os azulejos que restam são floridos. Piso de mosaico, louças coloridas. Bucólico.  

Procuro deixar tudinho limpo. E deixo. Especialmente quando viajo. Para sentir que o tempo não passou aqui dentro, quando eu voltar. O que nunca acontece. A corrida dos dias me é revelada, sempre e implacavelmente, pela presença de cadáveres ortópteros. De onde vêm esses seres cosmopolitas? O que essas criaturas saprófogas vêm comer aqui? Estamos longe da civilização. E o pouco que há está na geladeira.

Malditas e burras baratas, vêm de longe para morrer de fome.

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