sábado, 12 de fevereiro de 2011

arte em pensamentos chuvosos

Sábado chuvoso e pensamentos sobre arte. Depois de quatro cafés e ainda algum resquício de sono, as letras se jogam na tela do computador. Fonte dezoito. É de manhã. Escrever com esse barulhinho-bom me ajuda a perceber o que penso. Bocejos reprimidos. Gosto de café na boca. Ele se mistura com o sangue e corre pelo meu corpo. Minha vida, meu estojo de pastéis oleosos. Minha vida, meus livros sublinhados a lápis 6B. Minha vida, meu caderninho de rabiscos. O que as pessoas pensam sobre isso? Ao som da chuvinha mansa, uma pesquisinha rápida. Uma breve navegadinha. Estou de bote no Google. Não tenho pressa. Porque hoje é sábado e amanhã, dormindo. As plantas do pátio parecem saber disso. Estão mais preguiçosas que eu. Indiferentes à chuva. À vida dessa manhã cinzenta.   

Arte ajuda a viver. Enriquece a existência. Contribui. Como disse Brecht: “todas as artes contribuem para a maior de todas as artes: a arte de viver”. Porque viver é difícil. Sábias palavras de Leminsky: “viver é super-difícil, o mais fundo está sempre na superfície”. Viver (bem) é mesmo uma arte. Para mim, a maior de todas.

Mas a finalidade da arte é incerta, dispensável, muito pessoal ou variável. Não existe uma finalidade universal na arte, embora alcance sempre a finalidade que não tem, como pensava o ensaísta austríaco, naturalizado brasileiro, Otto Carpeaux. A arte abre buracos nos muros, nos faz ver além. E no território da Vida.

As plantas não sabem disso. 

Para Loinello Venturi (não sei quem é), "a arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações infantis que ultrapassam os limites do conhecimento; é aí que se encontra o seu reino”. Então.

Se o reino da arte é feito de ingenuidades e imaginações (infantis), a vida é alimentada pela criança que mora em nós. Não é a vida que a alimenta. Essa criança é nossa mãe. E anda de mãos dadas com a arte, assinatura da civilização. Que abre buracos nos muros. Clareiras nos matos. E tece caminhos.

Daqui da janela vejo muros cor de cimento e um pequeno matagal. Estou de mãos dadas com a escrita, que tece um caminho no ar, por cima dessa paisagem caseira. Agora estou num balão. Balãozinho lento. Bem devagar. Divagador. 

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