terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Jéssica

Jéssica pensou que Cláudio estivesse ficando biruta quando ouviu de sua boca a frase: “Eu te amo”. Que leviano! Que precipitado! Como poderia estar certo do que estava dizendo se estavam saindo há apenas duas semanas? Que imaturidade conjugar este santo verbo em vão! Nesse momento Jéssica pensou que ela e Cláudio eram diferentes demais, que jamais seriam um casal.

Transtornada com a declaração de Cláudio, Jéssica levantou da cama e foi ao banheiro. Fechou a porta. Passou a chave. Olhou-se no espelho e chorou.

O sol já invadia o quarto quando Jéssica saiu do banheiro. Estava disposta, “inexplicavelmente” disposta. E Cláudio dormia como se nada tivesse acontecido.

Jéssica vestiu-se, apanhou a bolsa e bateu a porta com força, como se isso impulsionasse seus pensamentos. Ela age sempre da mesma maneira quando está digerindo uma idéia: sem se despedir, mas fazendo esparro.

Com as idéias fervilhando, o coração palpitando e a respiração ofegante, Jéssica foi à feira. E, entre batatas e repolhos, lembrava do “eu te amo” de Cláudio.

Mais bonita que nunca, Jéssica comprou morangos - coisa que não fazia há muito tempo.

Cláudio ainda dormia. Na sua geladeira repousava um pote de chantilly.

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