sábado, 12 de fevereiro de 2011

a amante™

O meu homem é aquele de óculos Ray ban. Óculos de grau. Aquele de barba. Barba espessa. Com algumas falhas. Um pouco acima do peso. O que segura um copo. Ou uma lata, talvez. Provavelmente cerveja. E Polar. Ele está mais à esquerda do balcão. Veste uma camisa social. Azul. Desabotoada. Tem uma camiseta rota por baixo. Acho que uma Hering branca. Das antigas. Ele acabou de rir. Isso é raro. Deve ter ouvido algo muito engraçado. Sim. Ele está fumando. Marlboro. Vermelho. Já parou duas vezes e voltou. Está calçando os tênis que eu dei de aniversário. Adiddas. Dos mais baratos. Ele não gosta de coisas muito caras. Se sente inseguro ao andar pelas ruas de madrugada. Ele caminha muito. Anda léguas. Não entendo como pode gostar de passar trabalho. Ele detesta táxis. Acha um desperdício de dinheiro. Eu não acho. Acho um ótimo investimento. Melhor que gastar em comida. Ou em bebida. Agora parece que ele vai sentar. Sentou. Todos sentaram. Ele é o que ficou na ponta da mesa. Está abrindo o caderninho de rabiscos. Moleskine. Ele escreve pacas. E bem. Em qualquer lugar. Olha como ele se concentra no meio da confusão. Parece que está sozinho no bar. Numa biblioteca. Deve estar escrevendo um poema. Poesia concreta. Talvez desenhando. Ele também desenha. Não tão bem quanto escreve. Não tanto quanto escreve. Parou. Está olhando pra cá. Está acenando. Vai me chamar. Chamou. E agora? Conto pra ele sobre nós duas?    

Nenhum comentário:

Postar um comentário